Inclusão e Exclusão Digital – Dois lados de uma mesma moeda no Brasil e no Mundo

A inclusão digital é geralmente definida num país pela relação entre a porcentagem de pessoas com acesso a computador e/ou Internet no domicílio e o total da população.

A inclusão digital é geralmente definida num país pela relação entre a porcentagem de pessoas com acesso a computador e/ou Internet no domicílio e o total da população.

Por Magno Martins

Antes de chegar ao conceito de inclusão e exclusão social, deve-se ressaltar que a pobreza não é um fenômeno isolado. A maneira como ela é definida e percebida depende do nível de desenvolvimento cultural, tecnológico e político de cada sociedade. A introdução de novos produtos, que passam a ser indicativos de uma condição de vida “civilizada” (seja telefone, eletricidade, geladeira, rádio ou TV), aumenta o patamar abaixo do qual uma pessoa ou família é considerada pobre.

A citação a seguir m ostra uma vertente da questão de inclusão como algo mais amplo: “Vivemos em um mundo de opulência sem precedentes. O regime democrático e participativo tornou-se o modelo preeminente de organização política. Os conceitos de direitos humanos e liberdade política hoje são parte da retórica prevalecente. As pessoas vivem, em média, muito mais tempo e as regiões do globo estão mais estreitamente ligadas nos campos das trocas e também quanto a idéias e ideais. Entretanto, vivemos igualmente em um mundo de privação e opressão extraordinárias no qual persistem a pobreza e necessidades essenciais não satisfeitas, fome, violação de liberdades, negligência para com as mulheres, e graves ameaças ao meio ambiente, tanto em países ricos, como em países pobres. Superar esses problemas é parte central do processo de desenvolvimento.” (SEN, 2000,pp.9-10).

A exclusão digital se diz respeito às conseqüências sociais, econômicas e culturais da distribuição desigual do acesso a computadores e Internet. Antes, excluía destes parâmetros acesso à telefonia. Embora pertença ao mesmo grupo de produtos de tecnologia avançada, até por compartilhar a mesma infra-estrutura, sob uma perspectiva sociológica, realmente o telefone possui características bem diferentes dos demais: é parte da família de produtos “inclusivos para analfabetos” — que podem ser utilizados por pessoas tecnicamente sem nenhuma escolaridade —, enquanto os computadores e a Internet exigem um grau mínimo de instrução. Mas com a evolução do sistema de telefonia, vendo pela perspectiva do celular, pode-se considerar este termo ultrapassado, pois hoje a internet está em voga no celular (emails, mensageiros instantâneos, mobile-commerce), criando uma margem ainda maior de exclusão para aqueles que não sabem utilizar a Internet e tão pouco os diversos recursos e aparatos presentes em um único aparelho móvel.

Como o ciclo de acesso a novos produtos começa com os ricos e se estende aos pobres após um tempo mais ou menos longo (e que nem sempre se completa), há um aumento da desigualdade. Os ricos são os primeiros a usufruir as vantagens do uso e/ou domínio dos novos produtos no mercado de trabalho, enquanto a falta destes aumenta as desvantagens dos grupos excluídos. Em ambos os casos, os novos produtos tecnologicamente avançados aumentam consequentemente a pobreza e a exclusão digital.

A inclusão digital é geralmente definida num país pela relação entre a porcentagem de pessoas com acesso a computador e/ou Internet no domicílio e o total da população. Para identificar as pessoas incluídas, o critério geralmente utilizado é o número de computadores por domicílio e/ou de computadores por domicílio com acesso à Internet. Essa metodologia já foi alvo de críticas, pois em países com um número significativo de pontos de acesso coletivo (comumente denominados telecentros ou cibercafés). Argumenta-se também que as famílias de classe média normalmente possuem mais de um computador por domicílio, fato que não ocorre nas famílias pobres, o que significaria um número maior de usuários por computador nas famílias pobres e menor nas famílias de classe média.

No caso brasileiro, o impacto estatístico dos telecentros é secundário, dado que seu número em escala nacional ainda é relativamente. Por sua vez, a expectativa de um maior número de usuários por computador no domicílio das famílias pobres deve ser qualificada, já que, como indica a pesquisa, na maioria dos casos são poucos os seus membros que usam computador.

O processo desigual de disseminação do computador entre a população das diferentes cidades do Brasil reflete sem dúvida o nível desigual de riqueza e escolaridade entre as diferentes regiões e cidades, em particular entre as populações pobres das regiões Norte e Nordeste e do Centro-Sul. A posse do computador, porém, está também associada a um componente intangível: a disseminação de uma cultura de valorização da informática associada em especial à noção de que seu domínio é condição de emprego e sucesso na educação.

De fato, em qualquer pesquisa sobre perspectivas de empregabilidade e carreira profissional, em uma única pergunta para a qual encontra-se uma resposta consensual, independentemente de grau de escolaridade, renda, cor e gênero, e quanto à importância do conhecimento de informática para a obtenção de emprego: é garantido que quase totalidade dos entrevistados indica que este conhecimento ajuda a conseguir trabalho. Portanto, se a disseminação do computador tem uma óbvia correlação com o nível de renda e de escolaridade, ela está igualmente associada aos padrões culturais mais amplos de informatização da sociedade.

Com estas vertentes, pode-se dizer que incluir digitalmente não é apenas “alfabetizar” a pessoa em informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores. O erro de interpretação é comum, porque muita gente acha que inclusão digital é colocar computadores na frente das pessoas e apenas ensiná–las a usar Windows e pacotes de escritório. A analogia errônea tende a irritar os especialistas e ajuda a propagar cenários surreais da chamada inclusão digital, como é o caso de comunidades ou escolas que recebem computadores novinhos em folha, mas que nunca são utilizados porque não há telefone para conectar a internet ou porque faltam professores qualificados para repassar o conhecimento necessário.

Entende-se que não é apenas ensinar os princípios do bê–á–bá da linguagem informatiquês, mas mostrando como ela pode ganhar dinheiro e melhorar de vida com ajuda do computador e seus aparatos avançados. Ou seja, para que a Inclusão Digital diminua o efeito colateral da Exclusão digital, é necessário capacitar as pessoas com essas tecnologias para que possam utilizá-las em benefício próprio e coletivo e ao mesmo tempo tornando essas pessoas com senso crítico de tudo o que pode acontecer ao seu redor.

Veja o vídeo abaixo sobre a Inclusão Digitall

Leia também:
:: Ao conceito de Inclusão Digital… Entender o que de quê mesmo?

:: TV Digital – Chance e/ou válvula de escape para a Inclusão Digital em massa

Este artigo foi postado na Biblioteca de Artigos sobre Inclusão Digital do Portal do Ministério da Ciência e Tecnologia. Clique aqui e confira

22 comentários em “Inclusão e Exclusão Digital – Dois lados de uma mesma moeda no Brasil e no Mundo

  1. Jaciara disse:

    Muito bom…muito bom,…vou t como referência no meu trabalho….

    • Magno Martins disse:

      Jaciara, boa noite!

      Que bom que gostastes do artigo. Fique à vontade para sugerir, criticar e opinar.

      Um abraço!

      Magno Martins

  2. Parabéns pelo artigo! Ter um texto publicado na biblioteca online do Ministério da Ciência e Tecnologia não é para qualquer um hein! Continue assim.

    • Magno Martins disse:

      Oi Gabi!!!!

      Muito obrigado pelo comentário!!!! Estou muito feliz e gratificado pelo reconhecimento sobre o artigo =]

      Um abraço e volte sempre!!!

  3. […] :: Inclusão e Exclusão Digital – Dois lados de uma mesma moeda no Brasil e no Mundo […]

  4. […] Leia também :: Inclusão e Exclusão Digital – Dois lados de uma mesma moeda no Brasil e no Mundo […]

  5. lary mends disse:

    ESPERO Q ESE SEU BLOG VENHA AUMENTAR QERO DIZER Q O BRASIL TODO VEJA, POIS O NOSSO BRASIL ESTA QUASE ABAIXO DO NÍVEL D POBREZA
    ENFIM Q OS GOVERNANTES Q TOMAN CONTA DISO FAÇAM ALGUMA COISA PARA AO BRASIL, PAR PODER MOSTRAR Q NOS PODEMOS MUDAR E MUDAR PARA MELHOR
    E O Q EU MAS QERO!!
    TODO MUNDO DIZ PRA MUDAR O MUNDO, MAS E NOS Q DEVEMOS MUDAR E NAUM O MUNDO!!!

    • Magno Martins disse:

      Oi Larisse, tudo bom?

      Muito obrigado pelo seu apoio. Realmente há muito o que trabalhar sobre esta questão digital no Brasil.

      Um abraço!

      Att,
      Magno Martins

  6. stephanie disse:

    obrigado por me ajudar essa pesquisa é para nota de escola agradeco muito

    • Magno Martins disse:

      Oi Stephanie,

      Fico muito feliz ao saber que o artigo tenha lhe ajudado em uma pesquisa escolar.

      Volte sempre ao blog!

      Um abraço!

      Att,
      Magno Martins

  7. Luccas disse:

    Magno, posso usar esse texto pra base em um trabalho meu da faculdade ?

    • Magno Martins disse:

      Lucas, tudo bom?

      Pode utilizar o texto sim, sem problemas algum. Peço desculpas pela demora ao responder.

      Um abraço!

      Magno Martins

  8. […] Inclusão e Exclusão Digital – Dois lados de uma mesma moeda no Brasil e no Mundo (Este artigo foi postado na Biblioteca de Artigos sobre Inclusão Digital do Portal do Ministério da Ciência e Tecnologia) […]

  9. gustavosanti disse:

    Uau! Parabéns Magno!
    Excelente texto e concordo contigo no ponto de que “abrir a janela” apenas não é o caminho propriamente correto. É como se jogássemos uma criança na rua sem orientar para onde ela deve ir, qual o melhor caminho. E o mesmo acontece na internet, onde muitos entram mas não sabem quais janelas devem abrir.

    Abraços!

    • Magno Martins disse:

      Olá Gustavo, tudo bom?

      Realmente as pessoas precisam saber usar muito bem e melhor o mundo online. Acreditava-se que a TV Digital seria uma ótima alternativa para a Inclusão Digital, porém este projeto já sofreu tantos atrasos que parece que nunca vai ser levado a sério, como deveria ser. Com os números crescentes de pessoas com acesso a Internet, mesmo que seja por um celular, reforça e muito que a Internet é a grande solução para acabar com este problema em nosso país. Basta ter mais incentivos por parte do governo, que acredita que telecentros é a solução ideal. É preciso educar, mostrar que o mundo da WEB tem e muito para oferecer qualquer pessoa de qualquer classe social.

      Muito obrigado pelo seu comentário.

      Grande abraço!
      Magno Martins

  10. Amanda Gomes disse:

    Fico Muito ótimo!

    ATT,
    Amanda

    • Magno Martins disse:

      Agradeço pelos seu comentário Amanda!

      Volte sempre ao blog!

      Um abraço!

      Att,
      Magno Martins

  11. Luiz Felipe disse:

    Boa Tarde Magno,

    artigo muito interessante, q servira para meu tcc,

    já esta nas referencias !

    abçs

    • Magno Martins disse:

      Olá Luiz, tudo bom?

      Fico muito feliz em ter te ajudado em seu TCC.

      Depois, compartilhe conosco seu trabalho.

      Um abraço!

      Att,
      Magno Martins

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